sábado, 22 de maio de 2010

"É tão difícil recomeçar"


Recomeçar não é simplesmente começar de novo. Significa deixar para traz muita coisa e muito de nós mesmos. Começar novos desafios, começar nova vida e, algumas vezes deixar pessoas para traz. Hoje estou pensando muito sobre isto e, vejo como é difícil recomeçar, deixar para traz a pessoa que acostumamos ser. Algumas vezes conseguimos por livre iniciativa reiniciar nossas vidas, reconstruir, replanejar. Outras vezes, somos atropelados por grandes perdas, grandes eventos que promovem este reinicio.
Eu sempre me pergunto “porque é tão difícil recomeçar?” Nós temos uma inércia muito grande, um medo do novo, do incerto. Temos medo de experimentar novos restaurantes, mesmo sabendo que muitos dos preferidos foram novos algum dia. Encontramos dificuldade até em mudar de caminho quando vamos para casa. Somos arrebatados por uma angústia forte, que nos consome e nos impede de mudar. Mas é incrível, os melhores momentos estão vinculados ao novo, ao recomeço. Carregamos conosco um desejo de recomeçar, mas, junto com ele um medo muito grande.
Lembro de vários recomeços de minha vida, mas o medo e a insegurança se transformaram em maravilhosas experiências, amigos e sensação de vida. Tantos recomeços, tantos erros e acertos, porém, consigo enxergar um grande caminho percorrido. Mas, não quer ficar preso no que já foi e sim, garantir outros recomeços que me garantam melhorar cada dia…
Algumas situações me fez repensar o caminho de tudo e, quem sabe, novamente recomeçar. Começar a olhar para o céu de manhã e perceber quanto é grandioso. Começar a sentir o vento andando devagar e prestando atenção na paisagem. Quero experimentar sorrisos leves , sorvetes e quitutes, mesmo quando a balança não permitir. Quero cuidar mais da saúde, sem descuidar dos desejos. Quero ir mais devagar, sem deixar de viver intensamente. Quero muito, mas muito mesmo, precisar de menos. E esta dialética pode ser o simples caminho de ser feliz.
Começar de novo é tão difícil quanto dar o primeiro passo, pela primeira vez. O intervalo entre um começo e um recomeço dura o tempo da necessidade do nosso afastamento. O problema é que muitas vezes nos perdemos nos intervalos e ficamos envergonhados por não sabermos mais o caminho de volta.
Tem um filme antigo, lindo, em que Anthony Hopkins está perdido em uma floresta, junto com seu pretenso assassino, Alec Baldwin, e ele fala mais ou menos isso: “as pessoas morrem por vergonha de terem se perdido. Desistem, cedo demais, antes de encontrar o caminho de volta.”
Mas, o mais interessante no filme é a força com que ele se autoriza!
Mesmo perdido, velho e nada atlético ele luta pela vida e concede a si mesmo o direito de sobrevivência, repetindo em vários momentos: “o que um homem pode, o outro também pode.” Isso é genial! Se alguém pode sobreviver apesar das probabilidades serem mínimas, outro alguém, também pode. Se alguém pode recomeçar, pode ser feliz, pode se autorizar, pode viver bem, quem é que não pode?
Um dos significados de recomeçar é: produzir-se novamente. Eu estava NO LIMITE, precisava produzir, novamente, uma escrita… um novo começo. No Limite, é o nome do filme, é o final de um intervalo e, pode ser, o ponto de partida para mais um recomeço!

Beijos!