quinta-feira, 16 de junho de 2011

Eu queria...



Eu queria ser mais espontânea, ligar menos pro que falam de mim, usar mais saia do que calça, ter o cabelo mais liso do que pensam que ele é. Queria morder menos os cantinhos das unhas, queria ter mais bolsas do que já tenho. Queria ler mais livros das pessoas que gosto, queria ler mais livros de autores que ainda não conheço. Eu queria puxar menos meu cabelo, queria sorrir mais, queria ir ao clube todo final de semana, queria ter uma coleção de biquínes.

Queria ter menos TPM. Não, queria não ter TPM. Queria dar mais abraços nos amigos. Queria sentar em mais botecos, queria tomar mais vinho, queria uma taça enorme só pra mim, de vidro mesmo. Queria ter minha casa, minha cama gigante, onde coubéssemos eu e ele. Queria cozinhar pros amigos pelo menos duas vezes por mês. Queria colocar em prática as receitas que estão na cabeça. Queria colocar em prática as idéias malucas que passam pela minha cabeça. Eu queria deixar a televisão mais desligada do que ela fica, queria mudar menos de canal em busca não sei de que.

Queria saber mais sobre as coisas que me fazem feliz, queria pensar menos e falar mais. Queria pensar mais e falar menos. Queria saber mais o que eu realmente quero. Queria uma varanda no meu apartamento, uma máquina de fazer sucos com casca e tudo, queria ter muitos cachorros e vários gatos. Queria ter um canil de Golden Retriever e outro de Yorkshire Terrier. Queria ir mais ao salão pra hidratar o cabelo e pra fazer as unhas. Queria parar de comer salsicha e queria comer mais peixe. E mais frutas. E semente de linhaça.

Queria encontrar mais com amigos antigos, queria sentir menos saudades de algumas pessoas. Queria fazer um curso de fotografia, queria uma super máquina pra praticar o dia todo. Queria tirar mais fotos do que já tiro. Queria viajar mais, muito mais. Queria andar descalça na praça, queria andar sem rumo num sábado ensolarado. Queria comer menos chocolate do que como, queria beber mais água do que bebo. Eu queria que minha sobrancelha direita fosse igual a esquerda.

Eu queria usar mais hidratante no corpo. Eu queria declarações de amor em muros, queria um buquê lindo de rosas vermelhas, sem precisar de motivos. Eu queria um óculos de sol maior do que os que tenho. Eu queria ganhar livros de presente. Aliás, eu queria escrever um livro, mesmo que ficasse guardado só pra mim. Eu queria fazer picnic com toalha xadrez vermelha e cestinhas de madeira. Eu queria morar sozinha.

Eu queria plantar uma horta, eu queria um balanço de madeira na árvore. Eu queria conhecer a Itália, a Nova Zelândia e a Suíça. Não necessariamente nessa ordem. Eu queria comprar roupas diferentes das que uso e queria ter sapatos mais coloridos. Queria não gostar de usar lingeries com rendas, queria gostar de dormir com pijama de seda. Que queria estudar mais sobre assuntos que me interessam. Queria ser enóloga. Queria amar mais. Queria ter mais coragem. Queria relaxar mais. Queria ser tola algumas vezes. Queria escalar uma montanha. Queria correr descalça na chuva. Queria viver mais. Ah como eu queria... “Se eu pudesse viver minha vida novamente”

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Crônica do amor


Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.
Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?
Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.
Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?
Não pergunte pra mim você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.
É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.