segunda-feira, 3 de maio de 2010

Não quero cinza...


Engraçado, essa frase tá na minha cabeça desde terça feira durante um período de insônia, problema que eu venho enfrentando há algum tempo. Não me lembro porque ela surgiu e no que eu estava pensando, essa parte o sono apagou. Mas hoje, o cinza me faz sentindo, de alguma outra maneira.

Perguntando para minha mãe sobre alguma mania que eu tinha, ela respondeu super rápido que eu não termino nada. Não termino a comida do prato, não termino a bebida do copo, o refrigerante fica sem gás na geladeira, o chocolate derrete, o café esfria, o suco esquenta.. Nunca tinha percebido ou me dado conta disso, mas realmente eu não termino. Para minha mãe, isso é uma espécie de TOC. Para mim é o poder de decisão e saber até quando você quer alguma coisa. Eu como ou bebo até aquilo me satisfazer, depois não quero mais. “Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida e nela só tenho uma chance de fazer o que quero”. E para mim isso é a minha personalidade, viver por mim, os meus momentos.

É difícil percebemos que algumas vezes vivemos por outros, pelos outros. Na forte tentativa de sempre agradar, começamos a mudar quem somos de verdade. Precisamos viver pela gente, ser feliz com a gente. Só consegue ser feliz com alguém quem primeiro é feliz sozinho. “Eu não quero uma verdade inventada”, nem uma personalidade não pessoal. Quero integridade, fazer pelos outros é não ser inteiro, é fazer pela metade.
E então é ai que o cinza aparece. Eu não quero metades, porque para mim, não é possível ser bom pela metade. Metade é incompleto e eu não quero nada que não seja inteiro. Não quero viver de apesares e de talvez. Me cansa a incerteza, porque eu acredito na decisão. Gosto de controle, de rotina e do esperado. Sou o extremo, mas sou simples. Não quero nada complicado e falando assim pareço ser exigente, mas não. Eu quero muito, mas são coisas simples.

Eu quero ter medo do novo, de viver o que não conheço. Quero entender ou fingir que entendo. Não quero me entregar a desorientação. Não gosto de surpresas, quero hora marcada pra vida, detesto esperar. Quero dormir quando estiver cansada, passar o final de semana na praia se me der vontade. Quero ter momentos de paz, quero ler, quero silêncio. Quero ser feliz, tomar banhos de chuva, olhar o mar e ver as estrelas. Quero uma nova tatuagem, comer brigadeiro de panela sem ouvir broncas. Gosto de aproveitar meu tempo e da minha própria companhia. Adoro piadas e quero rir até a barriga doer. Quero ter pastas estranhas no ipod com músicas completamente diferentes, pelo simples fato do mesmo ritmo me enjoar. Quero olhar pra frente e só quando for preciso para trás. Quero sentir menos culpa, entender que toda ação tem reação. Quero saber agir e também a reagir, quero ordem no trabalho e bagunça no meu quarto. Quero dormir encostada na parede, quero janelas fechadas, quero escuro, aceitar menos e indagar mais. Quero menos ‘mas’, não quero sentir tanta saudade, quero cantar mesmo desafinada, quero perdoar a mim e os outros. Quero ser correta, berrar quando me sentir sufocada e chorar quando estiver triste. Quero ficar em casa às sextas feiras sem pensar que deveria estar na balada. Não quero peso na consciência e nem dormir com vontade. Quero viver com sentindo, quero tocar o coração de alguém. Quero amar e ser amada, respeitar e ser respeitada. Quero carinho, beijo e abraço. Quero verão, outono, inverno e primavera. Quero vencer e também aprender a perder. Quero acreditar no amor verdadeiro, em casamento e na fidelidade. Quero aceitar as pessoas, me esquentar no sol, ser responsável por mim mesma, não quero me comparar e nem ser comparada. Quero continuar sem entender matemática, muito menos física. Quero passar longe da biologia e da química. Quero saber o básico do geral e ir afundo no que eu gosto. Quero a certeza do destino, mesmo que o trajeto mude. Quero ser menos cruel e sentir menos raiva. Quero ser cada vez mais forte, ir cada vez mais longe, quero dar valor à vida e ter valor diante dela. Não quero ser vítima, sou autoritária, teimosa e impulsiva. Quero continuar sendo desastrada, não quero arrumar a cama e nem ter uma vida doméstica. Quero ser maior que meus sonhos e viver a realidade.

Quero sim ou não, quero por completo, nem quem sabe e nem talvez. Não quero meio termo, quero preto ou branco, não quero o cinza, para mim ele é a ausência de cor, é o meio entre um e o outro. Quero aproveitar o tempo que me é dado, quero compromisso, não quero desafeto e nem desapego. Quero essência, conteúdo. Eu tenho pressa e quero gente humana.

Quero que seja pra valer e se não for então não me serve. Quero quem luta, quem conquista e quem vai atrás. Quero que me roubem a solidão e me ofereçam verdadeira companhia. Não é muita coisa, de tudo que eu quero o mais complicado seria talvez ouvir os pensamentos de Deus e contrario de tudo que falei em cima, dessa vez eu me contento apenas com ele ouvindo os meus.

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