
Engraçado, essa frase tá na minha cabeça desde terça feira durante um período de insônia, problema que eu venho enfrentando há algum tempo. Não me lembro porque ela surgiu e no que eu estava pensando, essa parte o sono apagou. Mas hoje, o cinza me faz sentindo, de alguma outra maneira.
Perguntando para minha mãe sobre alguma mania que eu tinha, ela respondeu super rápido que eu não termino nada. Não termino a comida do prato, não termino a bebida do copo, o refrigerante fica sem gás na geladeira, o chocolate derrete, o café esfria, o suco esquenta.. Nunca tinha percebido ou me dado conta disso, mas realmente eu não termino. Para minha mãe, isso é uma espécie de TOC. Para mim é o poder de decisão e saber até quando você quer alguma coisa. Eu como ou bebo até aquilo me satisfazer, depois não quero mais. “Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida e nela só tenho uma chance de fazer o que quero”. E para mim isso é a minha personalidade, viver por mim, os meus momentos.
É difícil percebemos que algumas vezes vivemos por outros, pelos outros. Na forte tentativa de sempre agradar, começamos a mudar quem somos de verdade. Precisamos viver pela gente, ser feliz com a gente. Só consegue ser feliz com alguém quem primeiro é feliz sozinho. “Eu não quero uma verdade inventada”, nem uma personalidade não pessoal. Quero integridade, fazer pelos outros é não ser inteiro, é fazer pela metade.
E então é ai que o cinza aparece. Eu não quero metades, porque para mim, não é possível ser bom pela metade. Metade é incompleto e eu não quero nada que não seja inteiro. Não quero viver de apesares e de talvez. Me cansa a incerteza, porque eu acredito na decisão. Gosto de controle, de rotina e do esperado. Sou o extremo, mas sou simples. Não quero nada complicado e falando assim pareço ser exigente, mas não. Eu quero muito, mas são coisas simples.
Eu quero ter medo do novo, de viver o que não conheço. Quero entender ou fingir que entendo. Não quero me entregar a desorientação. Não gosto de surpresas, quero hora marcada pra vida, detesto esperar. Quero dormir quando estiver cansada, passar o final de semana na praia se me der vontade. Quero ter momentos de paz, quero ler, quero silêncio. Quero ser feliz, tomar banhos de chuva, olhar o mar e ver as estrelas. Quero uma nova tatuagem, comer brigadeiro de panela sem ouvir broncas. Gosto de aproveitar meu tempo e da minha própria companhia. Adoro piadas e quero rir até a barriga doer. Quero ter pastas estranhas no ipod com músicas completamente diferentes, pelo simples fato do mesmo ritmo me enjoar. Quero olhar pra frente e só quando for preciso para trás. Quero sentir menos culpa, entender que toda ação tem reação. Quero saber agir e também a reagir, quero ordem no trabalho e bagunça no meu quarto. Quero dormir encostada na parede, quero janelas fechadas, quero escuro, aceitar menos e indagar mais. Quero menos ‘mas’, não quero sentir tanta saudade, quero cantar mesmo desafinada, quero perdoar a mim e os outros. Quero ser correta, berrar quando me sentir sufocada e chorar quando estiver triste. Quero ficar em casa às sextas feiras sem pensar que deveria estar na balada. Não quero peso na consciência e nem dormir com vontade. Quero viver com sentindo, quero tocar o coração de alguém. Quero amar e ser amada, respeitar e ser respeitada. Quero carinho, beijo e abraço. Quero verão, outono, inverno e primavera. Quero vencer e também aprender a perder. Quero acreditar no amor verdadeiro, em casamento e na fidelidade. Quero aceitar as pessoas, me esquentar no sol, ser responsável por mim mesma, não quero me comparar e nem ser comparada. Quero continuar sem entender matemática, muito menos física. Quero passar longe da biologia e da química. Quero saber o básico do geral e ir afundo no que eu gosto. Quero a certeza do destino, mesmo que o trajeto mude. Quero ser menos cruel e sentir menos raiva. Quero ser cada vez mais forte, ir cada vez mais longe, quero dar valor à vida e ter valor diante dela. Não quero ser vítima, sou autoritária, teimosa e impulsiva. Quero continuar sendo desastrada, não quero arrumar a cama e nem ter uma vida doméstica. Quero ser maior que meus sonhos e viver a realidade.
Quero sim ou não, quero por completo, nem quem sabe e nem talvez. Não quero meio termo, quero preto ou branco, não quero o cinza, para mim ele é a ausência de cor, é o meio entre um e o outro. Quero aproveitar o tempo que me é dado, quero compromisso, não quero desafeto e nem desapego. Quero essência, conteúdo. Eu tenho pressa e quero gente humana.
Quero que seja pra valer e se não for então não me serve. Quero quem luta, quem conquista e quem vai atrás. Quero que me roubem a solidão e me ofereçam verdadeira companhia. Não é muita coisa, de tudo que eu quero o mais complicado seria talvez ouvir os pensamentos de Deus e contrario de tudo que falei em cima, dessa vez eu me contento apenas com ele ouvindo os meus.
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